quinta-feira, 30 de julho de 2015

O fio condutor


No exercício cotidiano da vida dos cristãos existe uma marca, que é fundamental e identifica o caminho percorrido, e aqui chamo de fio condutor, que é Jesus Cristo. O importante é fazer como Jesus fez, tendo como fundo principal, a construção de um projeto de vida, de dignidade e de esperança. Esse “fio” é o bem comum, aberto a todas as pessoas e acima de qualquer discriminação.
Sendo Jesus o fio condutor, Ele enxergou a carência do povo de seu tempo e entendeu que estava como ovelha sem pastor. Faltavam guias que lhe dessem segurança e confiança no futuro. Foi o motivo da escolha e do envio dos discípulos. Eles tiveram com objetivo orientar as pessoas no caminho do bem. Os apóstolos e discípulos foram importantes lideranças para conduzir os destinos das comunidades.
O profeta Jeremias critica a atitude dos maus pastores que, em vez de cuidar das ovelhas, deixavam-nas perecer. Esses maus pastores não deixavam as ovelhas desfrutar da segurança, da justiça e da paz. Mas muitos fatos como esse se repetem na história do nosso país, confirmando a prática das injustas, e eminentemente exploradoras, tornando-se caminho de exclusão.
É importante dar-se conta de que Deus age e condena a má conduta dos pastores iníquos. A cultura brasileira tem marcas profundas de pastores despreocupados com os objetivos de sua missão. Na figura dos pastores de Israel, temos hoje líderes religiosos, políticos e lideranças diversas que têm a mesma conduta.
“O Senhor é o meu pastor, nada me faltará” (Sl 23,1). O pastor é aquele que proporciona estabilidade, segurança e serenidade para as ovelhas. É a missão de todos que têm autoridade, de fazer a sociedade e o mundo serem melhores. Não realizando isso, estão ocupando um espaço injustamente e de forma desonesta.
O profeta Jeremias tem uma palavra adequada para os pastores que não agem como “fio condutor”: “Ai de vós, pastores, que dispersam e destroem as ovelhas” (Jer 23,1). Ai dos dirigentes que enganam o povo, administram em proveito próprio e não levam em conta a justiça social.
Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba.

segunda-feira, 27 de julho de 2015

CHEGA AO FIM 23ª DA SEMANA DE FORMAÇÃO SEFORC

A 23° edição da Semana de Formação da Catequese (SEFORC) da Arquidiocese de Mariana, chegou ao fim na manhã desta sexta-feira, dia 24 de julho. Realizada no Seminário de Filosofia, em Mariana, a semana termina deixando legados e amadurecendo a concepção da catequese na Arquidiocese  de Mariana.image

Logo pela manhã, às 7h30, os catequistas participaram da missa de encerramento da SEFORC, celebrada pelo coordenador da catequese na Regional Pastoral Mariana Sul, padre Jorge Nato. Em sua homilia, o sacerdote fez uma breve reflexão sobre os caminhos que Deus coloca a nossa disposição e sobre qual devemos escolher. “A catequese tem gerado frutos? Se não, em que podemos melhorar?”, indagou o padre ao dizer que o caminho a seguir, é o caminho que faz a semente crescer e frutificar.
Sueli de Fátima, coordenadora da catequese na Paróquia São João Batista, em Conselheiro Lafaiete, e membro da coordenação Arquidiocesana de Catequese, responsável pela Região Pastoral Mariana Oeste, lembra da primeira semana de formação, em 1993, quando entrou para a Catequese. “Na época, o coordenador Arquidiocesano era o padre Marcelino. Fiz aqui, neste mesmo lugar, o primeiro, segundo e terceiro módulo. Já naquela época, foi uma formação excelente! Cresci muito como catequista e como pessoa, também”.
Sueli faz, ainda, uma comparação entre a formação daquele tempo e a atual. “O que eu percebo é que, cada dia mais, ser catequista é mais desafiador, diante do contexto desta sociedade que nós estamos vivendo agora. O catequista, a cada novo dia, precisa se atualizar. As paróquias e comunidades também estão investindo mais na formação dos catequistas”.
Seguindo a programação do evento, os catequistas participaram da última palestra, apresentada por padre Jorge Nato. Logo depois, seguiram para o almoço que encerrou a SEFORC. Também catequistas e organizadoras da Semana de Formação, Cláudia Susana, Mônica Aparecida e Maria das Graças Assunção, avaliam que 23° edição da formação atingiu os objetivos.
“Nós percebemos que os catequistas que participaram já vieram mais maduros para o encontro, mas mesmo assim, essa convivência entre novoscatequistas e os mais experientes e a troca de conhecimento, ajudou a todos a amadurecer ainda mais”, diz Cláudia. Já Mônica lembra de todo o processo preparatório para a SEFORC, “pra tudo isso acontecer, houve várias reuniões com os representantes das regiões da Arquidiocese e os coordenadores, como o padre Geraldo Souza, que é o coordenador Arquidiocesano da Catequese. Nós pensamos em cada tema que poderia ser trabalhado”.
Maria das Graças ressalta que a SEFORC é realizada, em suma, porque existe uma necessidade de formação dos catequistas, que muitas vezes não tem condições, em suas comunidades e paróquias, de passar por este processo. “Aqui é o momento para fazermos este trabalho. O catequista precisa se informar, precisa ser atualizado e aqui eles tiveram essa oportunidade. Os temas foram pensados para forma-los!”.
A coordenação divulgou uma carta em agradecimento aos trabalhos feitos pelo padre Paulo Nobre, que durante muitos anos ajudou na consolidação e amadurecimento da SEFORC.
Fonte: Catequese da Arquidiocese de Mariana-MG

O CANSAÇO DOS CATEQUISTAS


É normal que a gente encontre por aí catequistas ou evangelizadores em geral que manifestam certo cansaço na realização de seu trabalho. Alguns poderiam até se surpreender, afinal, catequista também cansa? Com certeza todos estamos sujeitos a ficarmos cansados nas mais variadas situações da vida, inclusive em nosso trabalho pastoral. O importante é saber descobrir o que está causando esse cansaço e de que forma estamos lidando com isso.
Para alguns a canseira é consequência da intensidade com a qual vai desempenhando sua missão evangelizadora. Por exemplo, às vezes, por falta de outros catequistas, alguém acaba assumindo mais de uma turma de catequese, e, apesar de sua boa intenção e dedicação, as exigências do trabalho vão ficando sempre mais pesadas... Outras vezes o próprio grupo de catequizandos é mais desafiador do que se imaginava e, apesar da criatividade e boa interação com o grupo, o desgaste vai se acumulando e as forças vão diminuindo...
Para outros a frustração por não conseguir ver os frutos de seu trabalho podem levar, mais do que a um cansaço, a um verdadeiro desânimo, que normalmente é acompanhado daquela vontade de “abandonar tudo” e “sumir”...
Em qualquer um desses casos fica evidente que um bom descanso é necessário para se conseguir recompor as forças e o ânimo! Seriam férias? Seria um Retiro Espiritual? As variedades de descanso são muitas, mas o que importa, realmente é que tal parada nas atividades nunca seja assumida como uma fuga, como um abandono do trabalho evangelizador, sinal da perda do sentido da missão.
O melhor, mesmo, é que esse período de descanso sirva para se refazer as forças e reanimar a própria fé, a própria vida espiritual. Já que ninguém tira férias da condição de cristão batizado e comprometido com o Reino de Deus, seria bom cultivar alguns períodos de silêncio para, na oração, colocar-se em sintonia com Deus e avaliar as motivações de seu trabalho evangelizador.
Afinal, todos os momentos e todos os lugares são sempre boas oportunidades para crescermos na nossa identificação com Jesus Cristo e cultivarmos o espírito de compaixão que tanto marcou sua vida. Assim como ele, também nós temos que estar sempre dispostos a acolher as pessoas necessitadas e revelar-lhes o amor e a misericórdia de Deus.
Aprofundamento a partir da Palavra de Deus: Mc 6,30-34. Convido você a lê-lo com calma, prestar atenção e responder: Por que Jesus convida os apóstolos a irem a um lugar deserto? Consigo perceber que também preciso do meu “deserto”? Quando? Gosto de “tirar férias” de tudo ou sei continuar discípulo missionário de Jesus também durante meu merecido descanso?
Pe. Luís Gonzaga Bolinelli – Assistente Eclesiástico da Comissão AB-C

quinta-feira, 7 de maio de 2015

Plano de Catequese -Catequese para todos e para todas as idades

1. Histórico
O Plano de Catequese da Arquidiocese de Mariana foi elaborado pelos coordenadores e assessores arquidiocesanos de catequese, com a ajuda preciosa dos coordenadores paroquiais e de todos os catequistas que acompanharam os encontros de formação do Programa “Vinde e Vede”. Sua gênese se deu ao longo de dois anos marcados por várias iniciativas, dentre as quais destacamos: pesquisa sobre a realidade geral do trabalho catequético nas paróquias realizada nos últimos meses de 2003; definição de 2004 como Ano Catequético; encontros arquidiocesanos de coordenadores paroquiais de catequese, em fevereiro e em outubro de 2004; estudo dos cadernos de formação “Vinde e Vede”, acompanhado por, aproximadamente, 8.500 catequistas das cinco regiões pastorais da Arquidiocese de Mariana; encontro com os catequistas que concluíram o IRPAC (Instituto Regional de Pastoral Catequética), em abril de 2005; realização de assembléias regionais de catequese, em todas as regiões, nos meses maio e junho de 2005; elaboração do ante-projeto do plano de catequese a partir dos relatórios resultantes do estudo dos cadernos “Vinde e Vede” e dos relatórios das assembléias regionais de catequese; realização, em duas etapas, da Assembléia Arquidiocesana de Catequese, em julho e em outubro de 2005; várias reuniões da coordenação e dos assessores arquidiocesanos de catequese ao longo destes anos.
O Diretório Nacional de Catequese, desde a sua fase inicial, muito contribuiu para enriquecer e fundamentar o Plano Arquidiocesano de Catequese. Os catequistas, através do Programa “Vinde e Vede” entraram na discussão dos seus principais temas. Por isso, em vários momentos o Diretório é citado no texto, tornando-se seu principal referencial teórico. A discussão nacional em torno da catequese e o interesse da CNBB pela questão fecundaram a construção do Plano Arquidiocesano de Catequese.
O Plano de Catequese foi aprovado pelo CAP (Conselho Arquidiocesano de Pastoral), por Dom Luciano Mendes de Almeida, Arcebispo de Mariana, e pela XIII Assembléia Arquidiocesana de Pastoral, no dia 9 de dezembro de 2005. Definiu-se, então, que sua implantação nas paróquias e regiões se daria de modo gradativo, a começar nos primeiros meses de 2006.
ATENÇÃO-
3. Crianças que ainda não foram batizadas
Tendo em vista a situação especial de crianças que se preparam para receber a Eucaristia e ainda não foram batizadas, propomos aos nossos catequistas as orientações da Igreja referentes ao Rito de Iniciação de Crianças em Idade de Catequese. Tais orientações, de caráter litúrgico-pastoral, se encontram no quinto capítulo do Ritual da Iniciação Cristã de Adultos (RICA).
3.1. O que é iniciação cristã
Ainda hoje, em nossas comunidades, ressoa forte e suave o convite de Jesus: “Vinde e Vede”. Como outrora aos discípulos, hoje ele nos chama a sermos seus amigos e colaboradores na construção do Reino.
Àqueles que desejam encontrar, conhecer, amar e seguir Jesus Cristo, a Igreja, desde as suas origens, propõe um itinerário semelhante ao que o Mestre exigiu dos discípulos. “Então eles foram e viram onde morava, e permaneceram com ele aquele dia” (Jo 1,39): o encontro com Cristo exige uma caminhada – “então eles foram” –, o conhecimento da moradia dele – “e viram onde morava” – e sua permanência junto dele para segui-lo no amor a Deus Pai e aos irmãos.
O encontro com Cristo se insere no dia-a-dia da vida e tem a força de transformá-lo em algo belo e inesquecível, mudando definitivamente o rumo da nossa existência cristã. Esta caminhada progressiva em direção ao mistério de Cristo, realizada em etapas que alimentam e celebram a fé, é denominada Iniciação Cristã.
3.2. Etapas da iniciação cristã de crianças
O rito de iniciação está estruturado em três etapas: Rito de instituição dos catecúmenos, Escrutínios ou Ritos Penitenciais e Celebração dos Sacramentos de Iniciação.
3.2.1. Rito de Instituição dos Catecúmenos
É a celebração de acolhida da criança no processo de iniciação cristã, diferente daquela outra em que todas as crianças da catequese são acolhidas e apresentadas à comunidade. O rito de instituição dos catecúmenos, ao contrário, deve ser celebrado diante de um pequeno grupo de pessoas: pais ou responsáveis, a família, os colegas do grupo catequético. Na iniciação de crianças dessa idade, não é desejável a presença de toda a comunidade paroquial; basta que esteja representada.
Convém realizar a celebração na igreja ou em outro local adequado que proporcione às crianças uma experiência profunda de acolhida. Pode-se, então, preparar este rito no horário e local do próprio encontro catequético. O catequista, ou outro ministro convidado, pode presidir a celebração, não sendo necessária, apesar de importante, a presença do sacerdote. Esta celebração pode acontecer no início da terceira ou da quarta etapa do programa Vinde a Mim.
A estrutura da celebração encontra-se no Ritual de Iniciação Cristã de Adultos, incluindo a descrição de todos os ritos e leituras bíblicas. Cada paróquia ou comunidade deve ter o seu Ritual para o uso dos catequistas. É fundamental que a coordenação de catequese acompanhe a progrmação e preparação desta celebração.
3.2.2. Ritos Penitenciais
Os ritos penitenciais são muito importantes no processo de iniciação cristã das crianças e devem ser celebrados em data próxima à celebração do Batismo, pois é preciso que as crianças apresentem maior maturidade na vida de fé e desejo de serem batizadas. Uma medida louvável é fazer coincidir este rito com a celebração do sacramento da Penitência das crianças que já são batizadas e se preparam para a Primeira Comunhão Eucarística. Ou seja, no mesmo dia da primeira confissão individual das crianças batizadas acontece o Rito Penitencial para as crianças que serão batizadas. È importante que pais e padrinhos, bem como os colegas do grupo catequético, participem desta celebração.
3.2.3. Celebração do Batismo
Sempre que possível, o Batismo seja celebrado na Vigília Pascal, ou no domingo, dia em que a Igreja comemora a ressurreição do Senhor, dependendo da maturidade de fé das crianças e do planejamento catequético. Outro momento apropriado para o Batismo é o dia da celebração da Primeira Comunhão Eucarística daqueles que já foram batizados, ou ainda em um domingo próximo. Tudo depende da programação paroquial e da orientação do pároco. O Ritual de Iniciação Cristã de Adultos apresenta os ritos próprios da celebração do Batismo.
3.3. Observações importantes
1) A quem se destina este Rito?
A crianças que não foram batizadas, mas já atingiram a idade da razão e da catequese, ou seja, elas possuem a capacidade de conceber e nutrir sua fé. Ainda não podem ser tratadas como adultos, pois dependem dos pais ou responsáveis e sofrem a influência dos companheiros e da sociedade.
2) Qual o papel dos pais ou responsáveis?
Exercem um ministério importante durante a iniciação de seus filhos. São os responsáveis pela sua introdução na comunidade dos fiéis e devem oferecer a eles auxílio e exemplo de vida cristã. A permissão dos pais ou responsáveis é necessária para a iniciação e futura vida cristã dessas crianças.
3) Como se dá a iniciação destas crianças?
A iniciação divide-se em etapas e tempos que são enriquecidos com determinados ritos litúrgicos. O ideal é que tudo aconteça em sintonia com as etapas já estabelecidas para o próprio grupo catequético. Deste modo, evidencia-se com mais clareza o caráter comunitário da iniciação não só para a criança “não batizada”, mas também para aquelas que já receberam a graça batismal.
4) O que acontece após a celebração do Batismo?
Começa o tempo de ajuda aos recém-batizados a fim de que sejam firmes na fé e sintam-se integrados à família de Deus, a Igreja. Nesta etapa atuam ativamente todos os fiéis, sobretudo os pais, padrinhos Este é o tempo da mistagogia ou inserção mais profu

quinta-feira, 5 de março de 2015

Início de Quaresma

quaresmaComeçamos mais uma caminhada de quarenta dias, quando teremos a oportunidade de renovar nosso processo de conversão, acreditando na possibilidade de mudança nas nossas práticas de vida cristã. A Quaresma, no momento de instabilidade da vida humana, é tempo propício para renovação batismal, de novas chances no despertar da confiança das pessoas em Deus.
A conversão supõe criar intimidade com Deus, que é justiça e bondade. Ele nos acolhe em seu íntimo e nos dá possibilidade para uma vida mais feliz e realizada. Em vez de destruição, como aconteceu no dilúvio, caminhamos para a salvação, para uma consciência purificada, totalmente livre e comprometida com o bem e com a vida pascal, acontecida em Cristo ressuscitado.
Deus é como a arca que salvou Noé e seu povo dos perigos das águas do dilúvio. Este é o sentido do batismo, que vai sendo revigorado em todo período quaresmal, dando novo comportamento e dimensão para a vida de fé. É muito necessário para fortalecer o cristão no seu inadiável compromisso de transformação da sociedade.
 Estamos sempre enfrentando as pressões do mal que pairam sobre a sociedade, e que têm muitas faces. Não é fácil ser autêntico e comprometido com as causas do bem. Dependemos das forças do alto, da presença de Deus em nossa vida, pois, a missão de Jesus começa com a vitória sobre o mal.
A Quaresma começa com o término do carnaval, na 4ª Feira de Cinzas, quando saímos do tempo de fartura, de muitas festas, para começar um tempo de penitência. Com isto lembramos os quarenta dias de Moisés no monte Horeb e a penitência de Jesus no deserto da Palestina, preparando-se para o anúncio do Reino do Pai.
O momento é oportuno para a pessoa deixar para trás as preocupações mundanas e ir ao encontro das que são do alto, de volta para Deus. A meta a alcançar é a Páscoa do Senhor, a alegria do Cristo ressuscitado e presente na história e na vida das pessoas que, sinceramente, O encontram.
Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba.