sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Andou fazendo o bem...

Algumas frases da bíblia mexem mais com a gente. E uma que sempre me toca é a de Pedro, nos Atos dos Apóstolos, quando fala sobre o batismo de Jesus: “Ele andou por toda a parte, fazendo o bem” (At 10,38). Pra mim, isso resume a vida de Jesus. E deve ser o resumo da nossa vida. Há coisa melhor que fazer o bem? Como é bom sentir que a gente fez bem a alguém! E como machuca saber que, mesmo involuntariamente, a gente fez mal a uma pessoa!...
O texto acima faz parte da liturgia da Palavra na festa do Batismo de Jesus, que marca o enceramento do ciclo do Natal e o começo do Tempo Comum. A celebração traz mensagens muito bonitas e muito ricas. Vale a pena registrar alguns pensamentos e refletir.
Jesus foi batizado, ungido pelo Espírito e saiu fazendo o bem e curando. O primeiro passo foi mergulhar nas águas do Jordão. Ele quis se lavar. Não tinha nada que o sujasse, mas quis mostrar a importância do gesto. Estamos ainda bem no início do ano. Pra começar bem, uma atitude importante é dar uma lavada em tanta coisa que está fazendo mal. Ao longo do ano a gente acaba acumulando a poeira de muitos sentimentos nocivos, relações infelizes, atitudes impensadas, pendências mal resolvidas... Vale a pena dar um banho em tudo isso e substituir por um perfume suave que nos deixe melhores e faça bem a quem convive com a gente.
O Evangelho diz que, enquanto Jesus era batizado, ouviu-se a voz do Pai que dizia: “Tu és meu filho amado. Em ti me comprazo” (Lc 3,. Podemos dizer que Jesus é um filho que dá prazer ao Pai. Nós também somos filhos e filhas que Deus ama com todo carinho. Vale a pena levar uma vida que também dê alegria ao Pai. 
Isaías (42,1-7) lembra algumas atitudes do Filho que dão prazer ao Pai. Uma delas é não “levantar a voz”. Quem tem argumentos não precisa gritar. Além disso, ele “não quebra a cana rachada e nem apaga o pavio que ainda fumega”. É importante descobrir o que há de bom, incentivar, encorajar, animar, comunicar esperança, ser otimista... Valorizar o que se tem, cuidar do que está fraquejando, dar alento, confortar. A imagem do profeta é muito bonita. Se há uma pequena luz, um pouco de esperança, dentro de nós ou no outro, é preciso aproveitar e reavivar a chama. 
Ele não vai sossegar enquanto não vir a justiça acontecer (v. 4). Temos muito a aprender com esse servo de Javé. Vencer o comodismo, a indiferença, o derrotismo, o medo. Buscar a justiça sempre e com coragem. Não se cansar. Não desistir. Enquanto cristãos e cristãs, somos convidados a ter “os mesmos sentimentos de Jesus Cristo” (Fl 2,5). Tudo o que fazemos deve ter um pouco de nós e um pouco de Cristo. Paulo Apóstolo, certamente inspirado pela parábola da videira e dos ramos (Jo 15), diz que, pelo batismo, somos “enxertados em Cristo” (cf Rm 11,16ss). Quando um broto é enxertado no tronco de outra planta, passa a receber a seiva daquela raiz, daquele tronco. Seus frutos são uma mistura do que ele é com aquilo que a outra planta é. Se recebemos o batismo, nossas atitudes, nossas palavras, nossos gestos devem ser ‘cristianizados’. Devem revelar o jeito de Jesus.
Pedro, no texto dos Atos, diz que Jesus saiu também curando os que estavam dominados pelo mal. A tentação faz parte da nossa vida. O mal está sempre nos rodeando. E, de alguma forma, está dentro de todos nós. Todos carregamos em nós anjos e demônios. Mas a expressão de Pedro é clara. O ruim é quando somos ‘dominados’ pelo mal. Quando o demônio fala mais alto. Quando nossas atitudes revelam mais o lado do mal. Aí, precisamos mesmo de cura. Primeiro nos curar, para que o Espírito bom domine em nós, aponte a direção e mova nossas atitudes. Depois, fazer algo por aqueles onde o mal ainda domina. Ou onde a dor é grande e a cruz pesa. Todos podemos curar corações feridos. Um gesto de atenção e de carinho, uma oração, um sorriso, um abraço, uma palavra amiga, uma mensagem... Algo que possa dizer: eu estou aqui e me importo com você.
Viver o batismo é isto: lavar-se do que faz mal, perfumar-se com o bem (o óleo do Crisma é perfumado), enxertar-se no tronco da Vida, produzir bons frutos, comprometer-se com a justiça, sair por aí fazendo o bem...
Pe. José Antonio de Oliveira

sábado, 5 de janeiro de 2013

Sem formação a catequese balança



Sem coordenação a formação dança

1. A formação - fundamento da caminhada catequética

Uma boa caminhada catequética depende de diversos fatores. A catequese envolve toda a comunidade para que toda a vida comunitária seja catequizadora.

Mas aqui visa-se especificamente a formação de cada grupo de catequistas e as pessoas que coordenam. É sempre melhor que a coordenação seja feita por uma EQUIPE. É importante a formação, não somente dos catequistas, mas também das pessoas que constituem a equipe coordenadora.

A formação é um dos fundamentos que mantém a catequese de pé e caminhando para frente.

2. A formação como responsabilidade de cada catequista e da coordenação

A formação é um compromisso de cada catequista. Nenhum catequista pode se dispensar da obrigação de se formar. Sua formação se dá através da participação em cursos, encontros, assembleias, retiros... que acontecem de vez em quando; através do estudo, leituras pessoais... que precisam ser permanentes; e principalmente através da ação catequética, ou seja, através de um acompanhamento que o próprio grupo de catequistas faz do seu “caminhar”. Este acompanhamento é altamente formativo. Enquanto vão sendo catequistas, vão-se formando.

Por outro lado, cuidar da formação é uma das tarefas mais preciosas da coordenação. É verdade que esta tarefa é confiada ao bispo da diocese, ao pároco, ao Conselho Pastoral etc. Mas é verdade também que as pessoas que acompanham de perto os catequistas são aquelas que coordenam. Por isto têm um papel especial, incluindo o de serem ponte entre os responsáveis pela formação.

3. Quem coordena precisa preparar-se para a formação

A coordenação da Catequese precisa preparar-se para cumprir melhor esta sua tarefa de cuidar da formação dos catequistas, como parte de sua missão.

Coordenar é exercer um ministério que implica refletir, organizar, possibilitar um dinamismo que coloque a catequese em processo permanente de renovação. Para isso, as pessoas que coordenam precisam de apoio. Um apoio que muito ajuda pode ser o de antigos coordenadores. Este trabalho exige uma espiritualidade e requer uma formação.

A equipe de coordenação precisa ter uma boa experiência de vida e de catequese. Sua função é um ministério específico. Ela “respira” catequese constantemente. É importante que a coordenação tenha um plano de formação dos catequistas, elaborado com a participação de todos.

4. A bonita tarefa de “convencer”

Uma boa equipe de coordenação é aquela que serve; aquela que, democraticamente, decide junto e divide trabalhos; aquela que mantém unido o grupo de catequistas e ajuda a quebrar as tensões; aquela que favorece o bom relacionamento através da amizade e do companheirismo; aquela que cativa os pais de boa vontade e conquista o respeito e apoio deles...

Uma boa coordenação é aquela que se preocupa com sua formação e com a dos catequistas. Mais do que isso, é aquela que convence, leva a crer que a formação é essencial para cumprir a missão como catequista. A coordenação é aquela que abre o “apetite” da formação. E quem tem apetite, busca o que comer...

5. A formação é uma “refeição” em grupo

Uma das coisas mais significativas da vida humana é a pessoa alimentar-se. É radicalmente vital! Pense bem! Agora, pense na alimentação em família, num grupo de amigos... o que ela pode significar? A formação de um grupo de catequistas é como uma refeiçãoem grupo. Cadaum se alimenta e supre suas necessidades, compartilhando e alegrando-se com o outro. Todos se fortalecem e saem refeitos, com forças para continuar o caminho.

O coordenador, conhecendo e respeitando cada um, estimula esta refeição-formação e alimenta-se junto. Se for preciso, exerce sua autoridade por amor. Nenhum catequista pode não querer alimentar-se. Fica cada vez mais claro que a catequese depende de pessoas bem “alimentadas” por uma boa formação.

6. Uma sugestão

É dentro de um PROJETO CATEQUÉTICO - aquele que exige uma “decisão fundamental” - que aparece mais claramente o plano de formação dos catequistas. Mas aqui, dada a urgência da necessidade, sugere-se um processo. Quem sabe, a partir dele, possa-se chegar ao Projeto.


Extraído do subsídio “Pedra em Lapidação, catequista em formação”