Ele chegou a Roma, para o conclave,
levando consigo o cheiro do povo latino-americano, as dores e esperanças
dos humildes e sofredores, o anseio de quem sonha com uma Igreja
simples e profética. Não constava na lista dos ‘papáveis’ e nem nas
bolsas de apostas. Não estava entre os ‘favoritos’. (Os que apostam não
contavam com o Espírito Santo).
Em um conclave rápido, a surpresa: o
novo papa vem do “fim do mundo” (expressão do próprio). Mas isso era só o
começo das surpresas. Muito boas, diga-se de passagem. Em primeiro
lugar, o nome. Francisco não é um nome, dizia alguém. É um projeto de
vida.
Não quis receber o cumprimento dos
cardeais no ‘trono’ do papa. Preferiu ficar de pé. “Somos todos irmãos”!
Quando teve de sentar no trono quase caiu. Como a dizer: isso não é pra
mim!
Os sapatos pretos com cadarços – que
havia recebido de presente antes de viajar, em vez dos vermelhos, caros.
A recusa das mitras pontifícias. A maneira como se apresentou aos fiéis
que lotavam a praça: batina branca simples, sem a mozeta (capa
vermelha) sobre os ombros, sem estola bordada, a cruz de ferro… Não
surgiu como alguém que acabara de ser eleito para um dos ‘cargos’ mais
importantes do mundo. Com olhar grave e sereno expressou a seriedade e a
grandeza do ministério que estava para assumir. Depois, o gesto
elegante e evangélico de se inclinar e pedir a bênção, a oração do povo.
Em vez do latim, a saudação na língua local: “buona sera”; e a oração
na mesma língua. Apresenta-se como bispo de Roma, não como papa, como
sumo pontífice.