Há uma tribo indígena cuja especialidade é a cerâmica. Lá, quando um cacique idoso vai passar pra outro a função, oferece ao que está chegando o vaso mais bonito e precioso que confeccionou durante toda a sua vida. O novo cacique recebe o vaso, o quebra, o mói e, misturando água, faz argila e modela um vaso novo. O velho cacique não vê isso como uma afronta ou desrespeito. Entende que o outro irá conservar a essência, a substância, a Tradição, mas lhe dá uma nova forma.
Na vida e na fé deve acontecer o mesmo. Não podemos abrir mão da essência, mas a vida exige novas formas. O Espírito Santo continua a agir e suscitar coisas novas. Mesmo porque as transformações do mundo o exigem. “Eis que faço novas todas as coisas” (Ap 21,5).
Jesus disse a Simão: “Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja” (Mt 16,18). Deve estar claro que ‘pedra’ é só o fundamento, o alicerce. Essa base é a fé que Pedro revela na pessoa de Jesus e na proposta do Reino. A Igreja não pode ser toda ‘petrificada’, pronta, acabada. Pedro chega a falar que somos ‘pedras vivas’ (cf. 1Pd 2,5), mas tudo o que é vivo se transforma, se desenvolve.