“O fruto da evangelização e
catequese é o fazer discípulos: acolher a Palavra, aceitar Deus na própria vida,
como dom da fé” (DNC, 34).
O seguidor de Jesus Cristo tem
consciência de que anunciar o Evangelho é de vital importância para tornar
conhecida a Boa Nova do Reino de Deus. O catequista, educador da fé, tem a
oportunidade e o dever de aprofundar a catequese na missão evangelizadora da
Igreja, primando pela sua formação.
Nossa catequese hoje é vista
sob o olhar do dinamismo evangelizador da Igreja, tendo presente a conferência
de Aparecida e antevendo desde já o próximo sínodo, que acontecerá em outubro e
convida a Igreja a refletir sobre o problema da transmissão da fé hoje. Também
as Diretrizes Gerais da CNBB (2011-2015) e todo o trabalho missionário
realizado na Igreja do Brasil. Neste sentido, necessitamos com urgência fazer
com que a nossa catequese seja sempre mais missionária e preocupada com a
formação dos seus discípulos.
A realidade das pessoas é
marcada por grandes interrogações e sempre procuramos o sentido da vida. Muitas
perguntas existenciais que ouvimos no quotidiano são um ponto de partida a ser
levado em conta por aqueles que trabalham na animação bíblica e na catequese. A
busca de Deus na história da humanidade se enraíza nas perguntas que as pessoas
fazem quando se inquietam sobre a vida, o mundo (DAp, 37). A fé cristã nos faz
reconhecer um propósito na existência: não somos frutos do acaso, fazemos parte
de uma história que se desenrola sob o olhar amoroso de Deus
Salvador.
Há vários meios pelos quais
Deus continua hoje a se manifestar às pessoas; a catequese é um ambiente
propício para este encontro. A Catequese atualiza a revelação acontecida no
passado. O catequista experimenta a Palavra de Deus em sua boca, na medida em
que, servindo-se da Sagrada Escritura e dos ensinamentos da Igreja, vivendo e
testemunhando sua fé dentro da comunidade, transmite para seus irmãos esta
profunda experiência de Deus.
O catequista é um discípulo
missionário, pois faz ecoar a Palavra de Deus na comunidade, tornando-a
compreensível. Ao mesmo tempo procura testemunhar o que ele mesmo
anuncia.
Toda a ação da Igreja é
evangelizadora: tudo o que a Igreja é e faz anuncia Jesus ao mundo. A catequese
coloca-se numa perspectiva evangelizadora, mostrando um grande amor pelo anúncio
e testemunho do Evangelho.
A Igreja “existe para
evangelizar”, isto é, para anunciar a Boa Notícia do Reino, proclamado e
realizado em Jesus Cristo (cf. EN 14): é sua graça e vocação própria. O
centro do primeiro anúncio é a pessoa de Jesus, proclamando o Reino como
uma nova e definitiva intervenção de Deus que salva com um poder superior àquele
que utilizou na criação do mundo. Esta salvação “é o grande dom de Deus,
libertação de tudo aquilo que oprime a pessoa humana, sobretudo do pecado e do
Maligno, na alegria de conhecer a Deus e ser por Ele conhecido, de O ver e se
entregar a Ele” (EN 9).
Sendo o anúncio de Jesus
Cristo o primeiro momento da ação evangelizadora, a catequese é o seu segundo e
importante momento, dando-lhe continuidade. Sua finalidade é aprofundar e
amadurecer a fé, educando o convertido e incorporando-o à comunidade cristã. A
catequese sempre supõe a evangelização. Por sua vez, à catequese segue-se o
terceiro momento: a ação pastoral para os fiéis já iniciados à fé, no seio da
comunidade cristã (cf. DGC 49) através da formação continuada ou
permanente.
Contudo, toda catequese e ação
evangelizadora devem estar impregnadas do ardor missionário, visando à adesão
sempre mais plena a Jesus Cristo, Caminho, Verdade e Vida. Toda atividade
eclesial, de modo especial a catequese, deve traduzir a paixão e a mística
missionária que animavam os primeiros cristãos. A catequese exige conversão
interior e contínuo retorno ao núcleo do Evangelho, ou seja, ao mistério de
Jesus Cristo em sua Páscoa, vivida e celebrada continuamente na Liturgia. Sem
isso, ela deixa de produzir os frutos desejados. Toda e qualquer ação da Igreja
deve incluir a retomada sempre mais profunda e abrangente do encontro e
seguimento de Jesus Cristo (cf. DAp, 29) e o compromisso com o seu projeto
missionário.
As novas Diretrizes Gerais
(2011-2015) afirmam que “o estado permanente de missão só é possível a partir de
uma efetiva iniciação à vida cristã” (DGAE, 39). Por isso, nos últimos anos,
tem-se insistido na iniciação à vida cristã, procurando de fato favorecer no
catequizando um verdadeiro encontro pessoal com Jesus Cristo. Em nossa formação
continuada de catequistas, não podemos esquecer a urgência de uma verdadeira
iniciação cristã em nossas comunidades.
Pe Jânison de Sá Santos
- Doutor em Sagrada
Teologia, com ênfase em Catequese e Pastoral Juvenil e membro do Grupo de
Reflexão Bíblico-Catequética (GREBICAT) CNBB.
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