Eucaristia e Espiritualidade do
Catequista:
Entre tantos assuntos de
formação para catequistas, um dos mais pedidos é sobre mística e
espiritualidade.
Para exercer a sua missão o(a)
catequista necessita de uma formação espiritual. Por isso, o Estudo da CNBB nº
59, falando da formação de catequistas e citando o Diretório Catequético Geral
n.º 114, diz: “A missão confiada ao catequista exige dele uma intensa vida sacramental e espiritual, o
hábito da oração, o sentido profundo da excelência da mensagem cristã (...) a
atitude de caridade, humildade e prudência”.
A mística é algo cultivado na
pessoa que se transforma em paixão por uma causa. É a mística que mantém viva a
força e a qualidade das opções e compromissos.
É como a água que mantém viva a
planta. Mas, não se percebe a olho vivo que esta água está desde a raiz até na
ponta das folhas.
A Espiritualidade está no modo
de ser, viver, falar e agir das pessoas. Quando perguntamos: qual é a espiritualidade
de tal santo? A resposta logo vem caracterizando o(a) santo(a) pelo que foi e
fez. Por exemplo: Santa Paulina: amor aos pobres, doentes, pela sua
simplicidade, grande ideal pela missão, amor profundo a Jesus Cristo,
transformado em ação. A oração é o alimento que sustenta o ser e o agir.
JESUS É O CENTRO DA ESPIRITUALIDADE
A maior fonte da
espiritualidade é Jesus Cristo. Dele emanam outras fontes: a vida, a Palavra de
Deus, a Eucaristia e a missão.
Jesus nos diz “Vem e segue-me”.
Seremos preenchidos por Jesus se realmente o seguirmos sem restrições. É
preciso deixar para traz a vida velha dos comodismos, irresponsabilidade, medo,
consumismo... para assumir o caminho de Jesus, ou seja vida nova.
Em nosso modo de ser
transparece uma espiritualidade do seguimento de Jesus quando a oração faz
parte do nosso dia-a-dia, a fraternidade é sincera, a luta pela justiça é
presente, a perseverança e o entusiasmo são constantes. Viver como Ele disse,
viver como Ele viveu é a síntese da espiritualidade.
“Na medida que vamos seguindo o
Cristo Ressuscitado, seu Espírito que habita a Igreja nos inspira a ficarmos
mais parecidos com Cristo, compreendendo e atualizando em nossa vida os
mandamentos da Lei divina, especialmente o Amor a Deus e ao próximo e a fidelidade
às orientações de vida dadas pelo Mestre no Sermão da Montanha.
Por isso, a conversão ao Reino
é um processo nunca encerrado, tanto em nível pessoal quanto social, porque, se
o Reino de Deus passa por realizações históricas, não se esgota nem se identifica
com elas” (cf. P 193, 1221, 1159) (CR 193). A espiritualidade cristã é por excelência a
espiritualidade de Jesus segundo seu espírito. Suas
atitudes deverão ser as nossas
atitudes. Para nós, a exemplo de Paulo: Viver é o Cristo, e morrer com ele e
por ele é o verdadeiro lucro (cf. Fl 1, 21).
EUCARISTIA, O SUSTENTO DA ESPIRITUALIDADE
Na caminhada do/a catequista
não pode faltar o alimento que gera o encontro com Cristo por excelência.
“A Eucaristia é o centro e o
ponto culminante de toda a vida sacramental, fonte e ápice de toda a vida
cristã e de toda a evangelização, raiz e centro da comunidade” (CR 227).
Daí a importância para o/a
catequista achegar-se habitualmente desta fonte. A Eucaristia é o caminho de
interação entre fé e vida. Alimentando-se desta riqueza, é possível assumir um
comprometimento de viver como Jesus viveu e, ao mesmo tempo, solidarizar-se com
a multidão que vive sem o pão diário.
A Eucaristia é memorial do
acontecimento Pascal de Cristo: sua vida, morte e Ressurreição. Nós nos unimos
a este memorial e junto com a comunidade vivenciamos com Ele o amor, a unidade,
o serviço, a ação de graças de forma que se realize sempre mais a “Aliança em
Cristo com Deus e possa nos provocar para tornar presente o amor-justiça, tanto
na partilha de bens e dos dons, como até o martírio, se for preciso, a exemplo
de Jesus Cristo” (CR 226).
A fração do pão, a Eucaristia
provoca um novo relacionamento e este cria a fraternidade que produz a festa e
a alegria, porque, não faltando a festa e a alegria, o pão será também festa de
libertação.
Jesus nos chama de amigos ao
experienciarmos com Ele o banquete eucarístico.
“Já não chamo vocês de servos,
porque o servo não sabe o que seu dono faz, mas de amigos, porque tudo o que
ouvi de meu Pai, eu dei a conhecer a vocês” (Jo 15, 15).
A força da Eucaristia, na nossa
espiritualidade, nos ajudará a sermos renovados, iluminados e encarnados como
fermento nas realidades e nas situações de nossas comunidades.
Os 10 Mandamentos da Espiritualidade do Coordenador de Catequese
Todo coordenador (a) de catequese é um mensageiro da paz e da Boa
Nova da salvação em Jesus Cristo.
É um enviado por Deus, para animar e coordenar a vida e a prática
da catequese na paróquia, diocese ou regional. Catequiza pela palavra e pelo
testemunho de vida. Para que as pessoas acreditem na sua missão, algumas
atitudes são indispensáveis. Assim, o coordenador:
1. Escuta e fala na hora certa: é alguém com capacidade de escuta e de diálogo. Sabe relacionar-se
e valorizar as pessoas na sua diversidade, descobrindo os seus valores. Não se
sente superior a ninguém.
Tem convicções profundas, mas não se considera dono(a) da verdade.
Fala a verdade, opina e ajuda a decidir os rumos do grupo.
2. Acolhe e cultiva a ternura: considera a pessoa como centro de tudo, acolhe a todos sem fazer
distinção. Cultiva o cuidado, o carinho e a ternura no relacionamento.
3. Solidariza-se: está
atento(a) aos problemas de sua comunidade, do seu grupo, sem cair em atitudes
paternalistas ou autoritárias. Tem uma grande sensibilidade humana e social,
com um forte sentido da justiça e da verdade.
4. Resiste: sabe
"agüentar" firme os momentos difíceis, sem desistir. Faz-se presente
quando precisam dele(a), porque sabe que sua missão não tem horário. Não peca
por omissão e nem é um "frouxo".
Anima e aponta rumos novos.
5. Tem paciência e espera: a paciência é uma das virtudes mais importantes de quem coordena.
Ele(a) caminha com o povo e coloca-se no ritmo de sua história; isso implica em
saber esperar com paciência o que vai acontecer. "Deus pode tardar, mas
não falha". O coordenador(a) olha com esperança para o futuro.
6. Crê no Deus da vida: a fé em Deus e o amor profundo e pessoal a Cristo sustentam o
coordenador(a).
Se não houver fé, não há missão. Da fé nasce a sua paixão pela
missão de evangelizar, catequizar, de animar e de incentivar.
7. Ama na gratuidade: é uma presença amiga e gratuita. Não se deixa levar por interesses
pessoais. É capaz de amar e doar-se, sem esperar recompensa. Encontra Deus e
Jesus Cristo especialmente nos pobres, nos que sofrem, já que eles são os
preferidos de Deus. Com eles, percorre os caminhos do Evangelho, amando, como
Jesus, até o fim.
8. Reza sem desanimar: tem muita gente quebrada e desnorteada, porque não reza e não
abastece suas forças, suas utopias, seus sonhos, no coração de Deus. A oração
alimenta, a cada dia, a fé do animador(a). Na oração e na escuta da Palavra de
Deus, o animador(a) aprende a construir o Reino, com paciência e coragem.
9. Assume a cruz: "Quem
quiser ser meu discípulo, renuncie-se a si mesmo, tome a sua cruz e
siga-me" (Mc 8, 34). Não há outro caminho possível para percorrer. "A
missão nasce e cresce aos pés da cruz". A persistência e a paciência são
frutos de uma cruz aceita com alegria.
10. É coerente: a credibilidade
do coordenador(a) apóia-se no testemunho de vida, até as últimas conseqüências.
A exemplo de Jesus, ele(a) faz o que diz. "Eu, vosso mestre e senhor, vos
lavei os pés; também vós deveis lavar os pés uns dos outros. Dei-vos o exemplo,
para que, como eu vos fiz, assim façais também vós" (Jo 13,14-15).
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