quinta-feira, 13 de novembro de 2014

UM POUCO DE HISTÓRIA DA CATEQUESE A PARTIR DO CONCÍLIO VATICANO II

Mesmo antes do Concílio, já começou um processo de renovação, especialmente de renovação de métodos mais pedagógicos e didáticos.
O Concílio Vaticano II (1962-1965) atualizou a visão de Igreja, de liturgia, das relações com o mundo. Não falou explicitamente sobre catequese, mas a nova visão questionou intensamente o seu conteúdo e, em 1971, foi publicado o Primeiro Diretório da Catequese.
Em 1974 houve o Sínodo sobre a Evangelização no Mundo, seguido, em 1975, pela Exortação Apostólica “Evangelii Nuntiandi” (Paulo VI).
Em 1977 houve um Sínodo sobre Catequese, seguido, no mesmo ano, pela Exortação Apostólica“Catechesi Tradendae” (João Paulo II)
Em 1997 foi publicado o novo Diretório Geral da Catequese.

Em nível Latino Americano
Em 1968 foi feita uma Assembléia dos Bispos da América Latina e Caribe, em Medellin (Colômbia) que renovou substancialmente a catequese neste continente, partindo da situação do homem latino americano, com a opção preferencial pelos pobres.
Em 1979 houve outra Assembléia em Puebla (México) que reafirmou a opção preferencial pelos pobres, acrescentando a opção preferencial pelos jovens e a atenção pela religiosidade popular.
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Em nível do Brasil
Em 1983, influenciado pelos sínodos e documentos, por Medellín e Puebla, foi publicado o documento “Catequese Renovada” (Nº 26) da CNBB, depois de uma longa preparação. Foi um verdadeiro “mutirão” por causa do intercâmbio com as bases da catequese em todos os regionais. Houve mais de 30 edições deste documento. A Primeira Semana Brasileira de Catequese, em 1986, espalhou o documento por todos os cantos do Brasil, o que desencadeou um grande entusiasmo pela renovação catequética.


CARACTERÍSTICAS DA CATEQUESE RENOVADA
1.É uma caminhada de fé e não mero ensino doutrinal.
Saímos de uma catequese tipo “ensino” das verdades da fé, um método que consistia em decorar perguntas e respostas, pouco bíblico, sendo principalmente preparação para a “Primeira Comunhão”, desligada da realidade dos catequizandos.
Com a Catequese Renovada passou-se do ensino de doutrina para o anúncio da MENSAGEM de Jesus, que desperta para a fé viva em Jesus Cristo, para atitudes evangélicas e para um compromisso vivencial.
2.Interação fé e vida
A Catequese Renovada procura partir da experiência da vida, da realidade dos catequizandos, iluminar a vida com a luz da Palavra de Deus e despertar para uma vivência concreta.
Este método não somente faz parte da Catequese, mas toda a pastoral na América Latina ficou impregnada por ele. É o chamado método “Ver – Julgar –Agir” (mais tarde completado com “celebrar e avaliar”).
3.A Bíblia á e primeira fonte da Catequese
O Documento de Puebla diz: “A Catequese deve iluminar com a Palavra de Deus as situações humanas e os acontecimentos da vida, para neles fazer descobrir a presença ou ausência de Deus” (Nº 997).
Chama a atenção o fato de Puebla falar das situações concretas como ponto de partida da leitura da Bíblia. Deus está presente em tudo que acontece, mas isto não quer dizer que todos os acontecimentos provêm da sua vontade. Muita coisa acontece contra a vontade de Deus. A Bíblia ajuda a ver onde Deus está presente, ou não. Se o mal que acontece provém do pecado, Deus faz-nos ouvir seu apelo para mudar a situação. A catequese deve ajudar a descobrir os apelos que vêm de Deus em determinadas situações.
De tudo isto segue que é importante a Bíblia na catequese. Exige uma boa formação bíblica dos catequistas. É necessário ter uma noção da situação política e religiosa do tempo da Bíblia, da linguagem poética e simbólica de muitos escritos, da Aliança que perpassa toda a Bíblia.
4.Jesus Cristo está no centro da catequese
A catequese deve levar Jesus aos catequizandos de um modo vivo, pedagógico, conforme as idades e experiências da vida.
Jesus é a grande revelação do amor de Deus, Jesus é o “rosto” de Deus voltado para nós, Ele é o Caminho para o Pai.
Jesus promete mandar-nos o seu Espírito e, pela obra do Espírito, continua presente no meio de nós, unindo-nos todos num só Corpo.
5.A Catequese é um processo permanente.
A catequese não pode se limitar a uma catequese infantil. Os últimos documentos da Igreja acentuam o aspecto permanente da catequese. O processo catequético abrange a idade terna das crianças, os adolescentes e jovens, os adultos, até idosos. Para adultos não batizados que querem participar da Igreja, ela aconselha uma verdadeira Iniciação Cristã.
6.A catequese é um processo libertador
Estamos acostumados a falar: Deus quer nos salvar. Mas, que significa esta salvação?
A salvação que Deus nos oferece é, em primeiro lugar, a união com ele, seu amor, seu perdão, participação na sua aliança.

Mas, salvação não consiste somente na dimensão espiritual, mas abrange o ser humano inteiro. Paulo VI falou claramente: salvar o homem todo e todos os homens. Quem é o homem todo? De que ele precisa para ser feliz, para sentir sua salvação integral? Todos nós precisamos de alimento, habitação, instrução, família, amigos, saúde, trabalho, lazer... O desígnio de Deus é a libertação de todos os males que impedem a nossa felicidade. E a salvação não é a libertação de alguns, mas abrange todos os homens, diz o Papa. O pecado estraga o plano de Deus, e é um empecilho para que a salvação, libertação integral, possa acontecer.
Jesus fala muito sobre o Reino de Deus. Em que consiste este Reino? É uma humanidade feliz, unida, solidária, em paz. Devemos colocar “sinais do Reino”, através da vivência do Evangelho, aqui e agora. Deus completará seu Reino no fim dos tempos.
7.A Catequese deve sempre unir as três dimensões: pessoal, comunitária e social.
A Catequese deve levar a uma profunda união com Deus, com Jesus, na vida da pessoa. Mas o cristão não vive sem participar de sua comunidade, onde alimenta sua fé, onde celebra o Mistério Pascal, recebe os sacramentos e vive o amor e a partilha.
O cristão vive também sua vocação no próprio ambiente, na sociedade, na sua profissão, para que lá também se vivam os valores do Evangelho.
A catequese é como um tripé, unindo as dimensões pessoal, comunitária e social.
O novo Diretório Nacional de Catequese (Doc.84 da CNBB), no seu primeiro capítulo, dá uma completa orientação sobre a história e o conteúdo do documento “Catequese Renovada”.
8.A formação dos catequistas
O novo Diretório Nacional de Catequese dá também importantes orientações para a formação dos catequistas, que merecem ser refletidas e aprofundadas em grupos. O Documento é riquíssimo e não pode ser engavetado.
A formação dos catequistas é também um processo. Aprende-se a arte de catequizar através do estudo e atuação. Todos os formadores de catequistas tomem conhecimento do seu conteúdo. A catequese não pode produzir frutos sem a atuação de catequistas competentes. (Leiam cap. 7, 3)



Ines Broshuis

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