quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Catequese com jovens: desafios e esperanças


Diante das características da pós-modernidade mencionadas, apresentamos alguns desafios que a catequese não pode evitar, a não ser a preço de ver a fé cristã ignorada pelos jovens e pelas gerações futuras.
.1. Desafio da interioridade

O indivíduo pós-moderno já não pode fiar-se numa ordem das coisas, como nos tempos de outrora. Vivemos hoje no terreno da incerteza identitária. Nossos jovens se encontram alienados das antigas pertenças familiares, sociais, religiosas ou políticas. Para a maioria dos jovens hoje, o desafio não é tornar-se um agente sociotransformador (como na modernidade), mas assumir-se inteiramente como sujeito, construindo uma identidade confiável para si, numa verdadeira fidelidade a si mesmo (VILLEPELET, 2009, p. 64). Trata-se de assumir sua singularidade, sua individualidade, ou ainda, sua unidade, sua integridade e sua diferença, tornando-se sujeito de si mesmo. Num mundo complexo, onde as pessoas podem ser o que elas quiserem ser, nossos jovens se encontram expostos a todos os ventos, pois seus alicerces axiológicos se apresentam abalados.

A catequese não está sem recursos no trabalho de desenvolvimento da interioridade. A experiência de Deus que a catequese comunica – especialmente por meio da meditação, da oração, da acolhida da palavra de Deus, do mergulho no mistério – possibilita ao cristão transitar nesse ambiente sem receios. O amor de Deus revelado em seu Filho, que o ato catequético dá a conhecer, mostra-se como grande aliado nessa construção. Deus é íntimo ao coração e se revela a nós nas profundezas de nossa interioridade. A catequese não deve, pois, ter receio de trabalhar a dimensão espiritual da relação com Deus por meio da oração e da contemplação, as quais permitem perceber sua presença no mais íntimo do ser.


A catequese enfrenta então o desafio de proporcionar aos jovens essa experiência humanizante da fé, que pode ajudá-los na construção de sua identidade. O amor de Deus é energia para viver; é força vivificante. Cada jovem, interpelado por Deus, pode acolher sua palavra no profundo de si mesmo como uma palavra atual e viva que Deus lhe dirige, graças ao seu amor sem medidas. A catequese se faz lugar propício para essa interatividade construtora e desconstrutora. Deus toma a palavra nas palavras humanas e provoca um deslocamento naquele que aceita ser interpelado por ele. A catequese não trabalha com a simples transmissão de uma informação sobre Deus ou com a simples comunicação de verdades intangíveis. Ela comunica a palavra de Deus, que “é um acontecimento ao mesmo tempo que faz acontecimento” (LACROIX; VILLEPELET, 2008, p. 34).Trechos do texto de:
 Solange Maria do Carmo / João Ferreira Júnior, ofmCap

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